A curiosa diversidade por trás das oito pernas: milhares de novos táxons descritos em duas décadas

Temidas por seu veneno, admiradas por suas teias, inspiradoras para super heróis, as aranhas fazem parte de um dos grupos megadiversos de artrópodes. São caracterizadas pelo corpo dividido em cefalotórax e abdômen, quatro pares de pernas, quelíceras, pedipalpos e fiandeiras. Atualmente essa ordem conta com quase 50.000 espécies e cerca de 4.000 mil gêneros, 900 dos quais descritos nos últimos 20 anos. Um estudo recente, envolvendo pesquisador do Centro de Coleções Taxonômicas, discute esse avanço no conhecimento taxonômico do grupo. 

Dentre os países tropicais, o Brasil é o que tem a maior diversidade de espécies de aranhas. Nosso país já rendeu até mesmo homenagens em nomes científicos desses aracnídeos, como o de uma espécie de um gênero descoberto em 2019, denominado Extraordinarius. A espécie foi batizada em referência ao música André Matos, conhecido por ser vocalista das bandas de rock Viper, Angra e Shaman, e o animal foi batizado com o nome de Extraordinarius andrematosi

Passando ao panorama mundial, é interessante conhecer também as características peculiares dos organismos. Por exemplo, a aranha flic flac do deserto marroquino (cujo nome científico é Cebrennus rechenbergi) foi descoberta a apenas alguns anos e possui uma forma de se locomover única ao realizar verdadeiros saltos acrobáticos nas dunas do deserto para fugir de predadores. Ela é uma das aranhas mais rápidas que conhecemos! O movimento dessa espécie inspirou até mesmo a construção de um robô com uma forma semelhante de locomoção, denominado "Tabbot the saltomobil".

As aranhas são ecologicamente muito importantes pois exercem a função de reguladoras das populações de outros animais, especialmente de insetos, por sua capacidade de predação. O sucesso desses pequenos animais de oito pernas, sua ocupação de quase todos os ecossistemas terrestres, a evolução de uma ampla variedade de estratégias de captura de presas e a confecção das teias, fazem desse grupo um tema de estudo emergente nos dias de hoje. 

Foto: João Renato Stehmann

 
Foto: João Renato Stehmann

Este boletim foi escrito com base no artigo disponível em: https://doi.org/10.11646/zootaxa.4979.1.14


Autora: Laura Costa Alvarez (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).


Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 14, originalmente publicado em 2021 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-14.png


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