A Coleção Ictiológica do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG (CCT-UFMG) está instalada no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e possui atualmente mais de 15.000 espécimes de peixes, oriundos de diversas bacias hidrográficas brasileiras, incluindo também o acervo histórico do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG com espécimes coletadas desde a década de 1960.
A coleção possui uma importância fundamental na preservação de espécimes de peixes com a finalidade de pesquisa científica nas áreas de taxonomia, filogenia, zoologia, ecologia, biogeografia e biologia da conservação. Serve também como repositório da biodiversidade brasileira e como material testemunho de diversos estudos ambientais.
O acervo da coleção de peixes abriga espécies ameaçadas de extinção, raras, cinegéticas (espécies que são predadas ou sofrem grande pressão de caça), exóticas e de interesse científico. O conjunto dessas espécies forma um banco de dados que permite aos pesquisadores analisarem o padrão de distribuição populacional de espécies para fins de manejo, gestão e preservação ambiental e conservação de espécies raras e ameaçadas de extinção.
Estudos taxonômicos e filogenéticos dos peixes também são fundamentais para uma melhor abordagem na conservação da biodiversidade, pois muitos grupos de peixes ainda possuem uma taxonomia complicada e várias espécies ainda nem foram descritas cientificamente. Sendo assim, a pesquisa científica é a principal beneficiária de uma coleção biológica, já que os espécimes depositados permitem todas essas abordagens científicas.
Todo o material biológico que é armazenado em uma coleção deve seguir princípios éticos e legais que são regidos pela legislação brasileira e órgãos competentes, como o IBAMA e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) em Minas Gerais, por exemplo. E para a manutenção, organização e aprimoramento do espaço de uma coleção ictiológica existem várias demandas, que podem se tornar desafios na administração da coleção, dentre eles é possível citar a compra contínua de materiais e insumos para a manutenção, equipamentos para digitalização, organização e formação de banco de dados da coleção (computadores, softwares, impressoras, por exemplo), e suportes para a infraestrutura do acervo, como ar-condicionado e exaustores, para que o espaço seja climatizado, arejado e seguro. Uma outra questão importante é a formação de mão-de-obra qualificada, se fazendo necessário o incentivo por meio de concessão de bolsas de pesquisa e editais específicos.
Para fortalecer as coleções biológicas e diminuir esses impasses é importante parcerias entre instituições e empresas privadas, seja por meio de projetos de ensino, visitação dos acervos e divulgação científica ou no contexto de licenciamento ambiental. Há parcerias bem-sucedidas em algumas coleções com empresas e instituições privadas que patrocinam atividades de visitação e divulgação, sendo a verba destinada à manutenção, organização e aprimoramento do espaço destinado à coleção e divulgação do acervo.
No âmbito do licenciamento ambiental, atualmente as coleções são altamente demandadas por empresas de consultoria para depósito de material testemunho de estudos ambientais associados ao licenciamento e monitoramento de empreendimentos, porém, a maioria das coleções arcam com todos os custos de manutenção deste material sem nenhum tipo de ajuda destas empresas. Por isso o investimento em parcerias, principalmente com empresas de consultoria ambiental, se faz necessário para prover uma manutenção adequada do material ao longo do tempo e garantir a preservação de espécimes de peixes necessários para a preservação e conservação da biodiversidade.
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Coleção de Peixes do CCT-UFMG. Fotos: Natália Gonçalves |
Autora: Natália Gonçalves Batista (bolsista de Extensão PBEXT-Ações Afirmativas, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).
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