Pesquisa da UFMG mostra a biodiversidade de fungos endófitos da Mata Atlântica

A Mata Atlântica é conhecida por sua biodiversidade, estima-se que 8 mil espécies de plantas, 160 de aves e 183 de anfíbios sejam exclusivos desta floresta tropical. Porém, em relação aos micro-organismos, estes dados ainda não são bem estabelecidos como mostra uma pesquisa feita na Universidade Federal de Minas Gerais, onde foi analisada a diversidade de fungos endófitos associados à Ipeca (Carapichea ipecacuanha), uma espécie medicinal da flora brasileira.

Os fungos que vivem nos tecidos da planta, sem lhe causar danos, pelo menos em uma fase de seu ciclo de vida, são chamados de endófitos. Eles são usados na produção de substâncias bioativas como vitaminas e antibióticos. Além disso, eles são de grande importância para agricultura. 

Nesse estudo que fez parte do pós-doutorado da Dra. Mariana Costa Ferreira, foram coletadas 25 amostras de Ipeca no Parque Estadual do Rio Doce, localizadas pelos registros dos dados do Herbário da UFMG. Ao todo, foram obtidos 176 isolados de fungos agrupados em 28 táxons e, destes, o gênero Colletotrichum foi o dominante. Esse gênero possui 190 espécies conhecidas e é causador da antracnose, uma doença que acomete espécies de interesse econômico, como a soja. Contudo, espécies deste gênero poderiam ser benéficas também, pois são produtoras de diferentes substâncias bioativas para uso na medicina, indústria e agricultura. 

Essa pesquisa revela que a Mata Atlântica constitui um rico reservatório de fungos endófitos, importantes economicamente e pouco conhecidos. Para desfrutar dos benefícios desses organismos, no entanto, precisamos estudar a biodiversidade microscópica e conservar os remanescentes do bioma, que é um dos mais ameaçados. 

Ipeca (Carapichea ipecacuanha). Imagem: João Renato Stehmann


Este boletim foi escrito com base no artigo disponível em: https://doi.org/10.1016/j.sajb.2019.12.031

Autora: Ashtari Piancastelli (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).


Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 6, originalmente publicado em 2020 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-06.png



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