A diversidade de fungos na Antártica

A Antártica tem sua superfície praticamente toda recoberta de gelo e neve, sendo menos de 1% de sua área passível de colonização por plantas. A vida nesse continente precisa estar adaptada a condições extremas de temperatura, radiação UV, ventos, diferenças de pH e salinidade. Mas isso não significa que é impossível viver lá... Pesquisadores da UFMG estudam a vida além do que podemos ver: trata-se de uma pesquisa sobre a diversidade, distribuição, colonização e características de fungos associados às angiospermas da Antártica. 

O grupo encontrou quase 700 fungos vivendo no polo Sul da Terra, identificados em mais de 30 gêneros! Esses seres se associam às duas espécies de angiospermas que existem por lá, a Pera-da-Antártica (Colobanthus quitensis) e a Erva-pilosa-Antártica (Deschampsia antarctica). E não é somente em plantas que são encontrados, na verdade, existem mais microambientes na Antártica do que se pode imaginar, pois os fungos também já foram descobertos em talos de macroalgas, nos sedimentos, na água do mar, em invertebrados marinhos, no solo, nas rochas, no permafrost (um tipo de solo específico dos polos), na neve e no gelo. 

Essa pesquisa apresentou um ponto importante quanto à caracterização dos fungos: foram observados alguns organismos desse reino com notável tolerância à falta de água. Os pesquisadores consideram que os compostos produzidos por eles para proteção contra o ressecamento podem ser promissores em estudos de biotecnologia e que a identificação de tais genes pode ser útil para aplicação na área industrial e na agricultura.

Portanto, apesar de apresentar menor riqueza de espécies que as outras regiões do mundo, a Antártica parece ser um importante ambiente disponível para a diversidade microbiana. Aos poucos começamos entender melhor os limites da vida no nosso planeta!

Pesquisadores coletando fungos na Antártica. Imagem: Luiz Rosa


Pera-da-Antártica (Colobanthus quitensis) e Erva-pilosa-Antártica (Deschampsia antarctica). Imagem: Luiz Rosa

 
Este boletim foi escrito com base no artigo disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00300-021-02799-3


Autora: Laura Costa Alvarez (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).


Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 11, originalmente publicado em 2021 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-11.png


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