A vida e o legado do botânico Mello Barreto (1892-1962)

Henrique Lahmeyer de Mello Barreto... Talvez você não tenha ouvido falar desse nome, mas ele é de grande relevância para a flora mineira! Mello Barreto, como é comumente chamado, nasceu no Rio de Janeiro em 1892, e se tornou um mineiro de coração já que chegou a Minas Gerais para tratar de turberculose e ficou no estado por muitos anos. 

Em Minas, trabalhou como servidor público em diversas autarquias, mas depois de alguns anos pediu exoneração. Sua carreira, no entanto, não parou por aí. Mello Barreto não possuía formação acadêmica, mas a paixão, a prática e a observação o formaram como botânico. Em Belo Horizonte, ele foi nomeado diretor do primeiro Jardim Botânico da cidade, em 1931. Trabalhou também como assistente e, posteriormente, como professor da disciplina de História Natural da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais; foi delegado do Conselho de Fiscalização das Expedições Artística e Scientíficas do Brasil e chefe da Seção de Experimentação Vegetal na Estação Experimental do Instituto Agronômico. 

Em sua caminhada, Mello Barreto coletou milhares de amostras, que ficaram depositadas no herbário do antigo Horto Florestal, hoje Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG. Em 2021, por motivos fitossanitários, todo o acervo foi transferido para o herbário BHCB do Instituto de Ciências Biológicas, onde foi tratado e permanece até hoje. Mello Barreto possuía um táxon de dedicação especial, o gênero Lavoisiera, da família Melastomataceae - a mesma da quaresmeira, para o qual descreveu algumas espécies e variedades novas. Outras importantes contribuições se deram em parceria com Roberto Burle-Marx, no planejamento de trabalhos paisagísticos. Com amplo conhecimento da vegetação mineira, Mello Barreto valorizava as espécies nativas mostrando o grande potencial ornamental da nossa flora e contribuindo para uma nova visão de urbanismo no Brasil. O Complexo Paisagístico da Pampulha e Casa Kubitschek, em BH, e o Balneário do Barreiro, em Araxá, são projetos de destaque nos quais esteve envolvido. 

Em 1962, Henrique de Mello Barreto faleceu de infarto fulminante, enquanto trabalhava como diretor do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Ele se foi, mas deixou como legado, além de uma bela história de vida, um riquíssimo acervo botânico datado da primeira metade do século XX, de mais de seis mil amostras coletadas em diferentes regiões do estado. Hoje, parte do acervo encontra-se digitalizado e as exsicatas físicas totalmente disponíveis para a pesquisa no CCT-UFMG. 

Mello Barreto (no centro, de jaleco) - Acervo familiar

 
Este boletim foi escrito com base na dissertação de mestrado disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35314/1/Dissertac%CC%A7a%CC%83o_Gustavo_Versao_EntregueBiblioteca.pdf


Autora: Laura Costa Alvarez (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).


Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 13, originalmente publicado em 2021 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-13.png


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