Novos achados da megafauna na região amazônica

Apesar das dificuldades da realização de pesquisas paleontológicas na região amazônica, fósseis têm sido encontrados em depósitos do período Quaternário (que vai de 2,5 milhões de anos até atualidade) ao longo de bancos e leitos de rios no Peru, Equador, Bolívia e Brasil. Na parte brasileira da Amazônia, consideráveis achados fósseis foram realizados nos rios Juruá e Madeira, abrangendo os estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Para o Mato Grosso, são conhecidos poucos registros da megafauna do Quaternário, todos provenientes do sítio arqueológico de Santa Elina e da caverna do Curupira, situados no norte do estado. Mais recentemente pesquisadores descreveram novos achados inéditos provenientes do rio Teles Pires e seus tributários.

São fósseis recuperados de áreas de mineração de ouro e que, pela atividade das máquinas, estavam bastante fragmentados. Apesar disso, com base na anatomia comparada, ainda assim foi possível determinar a que grupo de organismos eles pertenciam.

O material fossilizado, correspondendo a dentes e fragmentos do osso dentário, ulna, úmero e fêmur, são pertencentes a indivíduos de Notiomastodon platensis, um proboscídeo parente dos elefantes atuais. Também foram encontrados fósseis de Eremotherium sp., um gênero de preguiças terrestres gigantes extintas e Toxodon platensis, membro de uma ordem extinta, os notoungulados. O Notiomastodon platensis, além de ser o único proboscídeo conhecido para o Brasil, também era um dos maiores animais terrestres da américa do sul, juntamente com a preguiça gigante Eremotherium laurillardi.

Estudos de paleoecologia apontam que esses animais de grande porte possivelmente andavam em grupos e podiam ocupar uma variedade de biomas e consumir recursos alimentares variados. Animais da megafauna possuíam um importante papel no ecossistema, dispersando sementes, participando na disponibilização de nutrientes e em ciclos bioquímicos.

A presença de proboscídeos de toxodontes na Amazônia ainda não era conhecida na literatura científica. Assim, estes achados expandiram o conhecimento paleontológico da região, mostrando que ainda há muito a ser descoberto sobre o seu passado. Além de encontrar novos fósseis, é necessário que os já conhecidos sejam devidamente mantidos e preservados nas coleções científicas das instituições de pesquisa brasileiras, para que possam ser objeto de estudos futuros.

Fragmentos parciais do osso dentário de Notiomastodon platensis do Rio Teles Pires, Mato Grosso, Brasil.


Este boletim foi escrito com base no artigo disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jsames.2021.103552


Autor: Leonardo Silva Marujo (bolsista de Extensão PBEXT, orientado pelo prof. João Renato Stehmann).


Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 21, originalmente publicado em 2022 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-21.png


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