Ratos e camundongos são roedores muito famosos: estão presentes em diversas animações, são muito procurados como animais de estimação e são grandes ajudantes no avanço científico. Muitas vezes eles podem ser vistos como vilões, mas somente poucas espécies são comprovadamente transmissoras de doenças. Esses animais são membros da ordem Rodentia, que representa cerca de 40% da diversidade de mamíferos viventes. Na natureza, esses animais são difíceis de serem observados devido ao seu tamanho diminuto e hábito noturno, por isso, muitos aspectos comportamentais e ecológicos que dependem da observação ainda são pouco estudados. Um destes aspectos é a dieta, porém, recentemente, cientistas da UFMG conseguiram descobrir o que esses animais comem sem a necessidade de observá-los em seu ambiente natural.
Os roedores podem ser insetívoros e generalistas (omnívoros). Os insetívoros são aqueles que consomem majoritariamente invertebrados, enquanto os generalistas não possuem uma preferência alimentar bem definida, podendo se alimentar de componentes vegetais (sementes, frutos, folhas), insetos e até pequenos vertebrados. Os cientistas analisaram o conteúdo estomacal, o crânio e quantificaram os isótopos estáveis (átomos do mesmo elemento químico que não perdem massa ao longo dos anos) de 63 espécies de ratos silvestres e encontraram padrões nos formatos do crânio e no conteúdo molecular relacionados com a dieta.
Eles perceberam que o crânio dos insetívoros é mais alongado e possui inserções dos músculos mandibulares menores, em comparação com os generalistas, assim como encontrado em outros grupos de vertebrados que possuem a mesma dieta, como alguns lagartos, morcegos e tamanduás. A partir desta pesquisa, ficou evidente que, dentre os roedores sul americanos, o grupo que mais possui insetívoros é a tribo Akodontini, que possui 88 espécies encontradas na América do Sul.
Este trabalho evidencia o impacto que a dieta tem na evolução dos roedores silvestres, pois a obtenção de alimento é um fator crucial para sua sobrevivência. A pesquisa também demonstra a importância das coleções zoológicas, visto que este estudo só foi possível devido aos exemplares provenientes de acervos científicos coletados ao longo de décadas.
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Roedor da família Sigmodontinae. Imagem: Pedro Henrique Tunes |
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