A Coleção de Mamíferos do Centro de Coleções Taxonômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (CCT-UFMG) abrange cerca de 10 mil exemplares de aproximadamente 300 espécies, sobretudo de Minas Gerais, mas também com exemplares de diversos estados brasileiros, além de alguns materiais de outros países. A coleção teve origem em 1970 e é representada por todas as regiões biogeográficas brasileiras, em particular Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. Grande parte dos exemplares são das ordens Chiroptera, Didelphimorphia e Rodentia, grupos que passaram pelas maiores mudanças taxonômicas e interesse sistemático nos últimos anos.
A
coleção é utilizada no desenvolvimento de vários trabalhos em sistemática,
biogeografia e ecologia desenvolvidos por pesquisadores, alunos de
pós-graduação e graduação. É utilizada também como referência para
identificação e depósito de material testemunho de teses, projetos e
consultorias para licenciamento ambiental, não só no estado de Minas Gerais mas
também em outras regiões do Brasil. Os materiais disponíveis para pesquisa
incluem amostras de tecidos, crânios, esqueletos e peles, além de informações
digitalizadas sobre o espécime, como a classificação taxonômica e local em que
foi encontrado. Os registros geográficos dos exemplares tombados no acervo
permitem o mapeamento dos locais de ocorrência das espécies e fornecem
informações fundamentais para o planejamento do estudo das populações em campo.
De
acordo com o atual curador da Coleção de Mamíferos do CCT-UFMG, Fernando Araujo
Perini, existem problemas e deficiências no que diz respeito à administração e
conservação do material, como, por exemplo a falta de insumos básicos para
manutenção dos acervos, espaço físico e ambientação inadequados para evitar a
deterioração dos espécimes, além da falta de pessoal qualificado para trabalhar
na coleção, inclusive preparadores treinados e gerentes de coleção.
A partir disso, nota-se que, apesar da relevância e da riqueza da Coleção de Mamíferos do CCT-UFMG, bem como sua grande utilidade na pesquisa científica e preservação da biodiversidade, as condições de salvaguarda são precárias, refletindo a falta de uma política de valorização dos acervos biológicos no âmbito das Instituições Federais de Ensino, com financiamento e recursos humanos adequados para sua gestão. Sem as informações providas pelas amostras dos acervos biológicos não seremos capaz enfrentar os desafios contemporâneos, que é perda da diversidade biológica e extinção cada vez maior de espécies.
Ilustração: Tamanduaí-Do-Xingu (Cyclopes xinguensis) e Tamanduaí-Vermelho (Cyclopes rufus) - a Coleção de Mamíferos do CCT-UFMG conta com um holótipo de cada espécie - e Tamanduaí (Cyclopes didactylus). Artista: Enaile D. Siffert.
Autora: Ana
Clara Dumbá Silva (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato
Stehmann).
Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 28, originalmente publicado em 2024 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-28.pdf
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