O Cerrado é a savana mais rica do mundo em termos de biodiversidade, abrigando mais de dez mil espécies de plantas e cerca de duas mil espécies de animais vertebrados, muitas delas endêmicas e ameaçadas de extinção. Nas últimas décadas perdeu a maior parte da sua cobertura original e poucas áreas protegidas foram implementadas.
Há cerca de 150 anos, o botânico dinamarquês Eugen Warming, com apenas 22 anos, veio ao Brasil para secretariar os trabalhos que o famoso paleontólogo Peter Lund realizava em Lagoa Santa. Durante pouco mais de três anos, coletou dados sobre a flora do Cerrado, incluindo cerca de três mil amostras de plantas. Quando retornou à Europa, publicou o livro "Lagoa Santa: contribuição para a geografia phytobiologica", no qual incluiu uma lista com mais de duas mil espécies de angiospermas, denominada Florula Lagoensis. Buscando revisitar o histórico trabalho de Warming, botânicos da Universidade Federal de Minas Gerais revisaram a listagem e avaliaram os novos registros provenientes da mesma região.
Os resultados foram supreendentes, já que apenas 25% das plantas catalogadas por ele foram coletadas novamente e foram menos de 10% de incremento de espécies à sua listagem. Isso demonstra a completude do trabalho de Warming, focado na coleta intensiva de amostras, na exploração dos diferentes ambientes da região e no trabalho colaborativo envolvendo numerosos taxonomistas.
Proteger a vegetação remanescente e a flora de Lagoa Santa se faz urgente e significa preservar, além da rica biodiversidade do Cerrado, um dos berços da Ecologia Vegetal nos trópicos.
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Paisagem típica do Cerrado - Foto: J. R. Stehmann |
Este boletim foi escrito com base no artigo disponível em: https://doi.org/10.5091/plecevo.2020.1527
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