Quem não conhece os tamanduás, aqueles animais peludos, sem dentes, com garras grandes e que se alimentam de insetos? A evolução desses seres, parentes das preguiças, foi por muitos anos um mistério para os cientistas. Esses animais fazem parte da subordem Vermilingua, que é formada por duas famílias viventes, sendo elas a Cyclopedidae, que agrupa os tamanduás-anões, também conhecidos por tamanduaí; e a Myrmecophagidae representada pelo tamanduá-mirim e pelo tamanduá-bandeira, este último ameaçado de extinção.
Assim como as viventes, as espécies fósseis também são pouco diversas, possuindo apenas três gêneros conhecidos: Protamandua, Palaeomyrmidon e Neotamandua. Com pouca diversidade era difícil estabelecer as relações de parentesco dentro do grupo pelos métodos tradicionais, que analisavam dados morfológicos e moleculares separadamente, estes últimos faltantes para os fósseis.
Cientistas da UFMG pela primeira vez aplicaram uma metodologia juntando essas duas fontes de evidência no estudo evolutivo dos Vermilingua. Para isso, foi fundamental o uso das informações provenientes do Centro de Coleções Taxonômicas, que possui os primeiros exemplares descritos das espécies Cyclopes rufos e C. xinguensis e que forneceram dados morfológicos e moleculares. Os resultados obtidos no estudo permitiram reinterpretar a evolução dos tamanduás, sugerindo que o gênero Neotamandua, extinto há oito milhões de anos e considerado grupo irmão dos tamanduás-bandeiras (Myrmecophaga tridactyla), pode ter sido, na verdade, o ancestral dessa linhagem.
![]() |
Tamanduá-bandeira e tamanduaí. Imagem: Enaile D. Siffert |
Nenhum comentário:
Postar um comentário