Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG recebe a maior coleção de libélulas da América do Sul

As libélulas são insetos carnívoros, de abdômen alongado, que pertencem a ordem Odonata. O que poucos sabem, é que esse estranho grupo influenciou decisivamente a história de vida do escritor e professor emérito do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Angelo Machado, que faleceu em abril de 2020. Angelo se formou em Medicina, área em que atuou como professor da UFMG até 1987, quando se aposentou. Em vez de parar suas atividades, reingressou na instituição, mas atuando na área de Zoologia. A partir desse momento, o estudo das libélulas, seu hobby desde a juventude, passou a ser a atividade principal. Seu fascínio por esses animais era tão grande que ele construiu, na sua casa, a maior coleção de libélulas da América do Sul. Ao final da sua carreira, como forma de contribuir com o avanço da entomologia na universidade, decidiu doá-la ao Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG.

Angelo Machado foi um dos maiores especialistas mundiais em Odonata. Começou a estudar este grupo já na adolescência, quando coletava exemplares na fazenda de seus pais. Ele foi instruído pelo padre e entomologista Francisco Silvério Pereira, da igreja que frequentava, que apreciava o interesse de Angelo pelo grupo. Juntos eles fizeram várias expedições pela Amazônia para coletar insetos e assim começou a ser formado o seu imenso acervo. 

A coleção possui 35.250 libélulas de 1.050 diferentes espécies. Cerca de 95 amostras são modelos que foram usados para descrever novas espécies (tipos nomenclaturais), muitas delas descritas pelo próprio Angelo, que começou a publicar muito cedo. É o caso da libélula Elga santosi (Machado, 1945), que foi descrita por ele quando tinha apenas 19 anos. O acervo doado está sendo tratado, e vai ser digitalizado e alocado em espaço climatizado no ICB, constituindo uma reserva técnica acessível à comunidade científica.

Além de colecionar e estudar libélulas, Angelo Machado atuou na conservação ambiental, fundando e presidindo a Fundação Biodiversitas. Ao final da vida, dedicou-se a divulgação científica infanto-juvenil, escrevendo diversos livros. Todo esse legado será mostrado ao público no memorial a ser montado em sua homenagem, resgatando histórias da sua vida e, é claro, das libélulas, uma das razões do seu viver!

Professor Angelo Machado em sua coleção de libélulas. Imagem: Ângelo Parise Pinto


Saiba mais sobre a vida de Angelo Machado no link: https://doi.org/10.11646/zootaxa.4078.1.4

Autora: Ashtari Piancastelli (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).


Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 7, originalmente publicado em 2020 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-07.png




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