Duas novas espécies de vespas são descritas em homenagem a professores do ICB-UFMG

As vespas, também chamadas de marimbondos ou cabas, são insetos reconhecidos pelo corpo segmentado, antenas longas, dois pares de asas transparentes, presença de ferrão usado na defesa ou de um ovopositor, bem como pelas cores geralmente em padrões de preto e amarelo. Apresentam também diferentes tipos de comportamentos, podendo ser solitárias ou sociais, e hábito alimentar variado, de herbívoras a predadoras. Na fase larval, alimentam-se de outros insetos, que crescem e se desenvolvem dentro de ninhos; na fase adulta, tornam-se insetos voadores que se alimentam do néctar e/ou pólen de flores, contribuindo para a polinização de plantas; alguns grupos restritos caçam presas para alimentar suas larvas. Os grupos parasitoides são importantes economicamente, pois atuam no controle biológico de pragas, já que atacam hospedeiros específicos, controlando suas populações. As vespas possuem importante papel como indicadores biológicos, determinando as condições do ambiente através da sua ausência ou abundância em determinado local, refletindo alterações ambientais ou perda de habitat.

Duas novas espécies de vespas pertencentes ao gênero Grotea Cresson foram descritas por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG em 2024. O gênero foi descrito em 1894 e pertence à família Ichneumonidae, que abarca as espécies conhecidas como vespas de Darwin, e é exclusivo do Novo Mundo, abrigando 27 espécies distribuídas do Canadá ao sul do Chile. Os espécimes do gênero apresentam corpo esguio, com tórax alongado antes das asas e cabeça subglobosa e são cleptoparasitóides de abelhas solitárias, ou seja, se aproveitam de alimentos já coletados ou processados. No Brasil, há apenas cinco espécies conhecidas e a maioria foi descrita a partir de um único espécime ou registrada em apenas uma localidade. O baixo número de espécimes em coleções decorre provavelmente da dificuldade de captura desses animais.


Grotea delicator. Vespa do gênero Grotea utilizada para efeito de comparação. Espécie com distribuição em: Argentina, Brasil (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina), Guiana, Trinidade e Tobago e Suriname.

Grotea claudiae foi localizada em Parauapebas, no Pará, e é caracterizada pelo corpo liso, de coloração amarela e preta, com pêlos curtos e brilhantes e a cabeça subglobosa, geralmente amarela. Grotea fernandoi, coletada em Mariana, Minas Gerais, foi descrita apresentando corpo amarelo claro e pode ser facilmente distinguida de outras espécies por não apresentar cabeça subglobosa. A etimologia de ambas as espécies carregam homenagens aos professores Claudia Maria Jacobi e Fernando Amaral da Silveira, docentes da UFMG falecidos recentemente e que muito contribuíram para a formação de recursos humanos e para o conhecimento das áreas ecologia de campo rupestre e taxonomia e sistemática de abelhas, respectivamente. A série tipo, isto é, o conjunto de amostras utilizado para a descrição das espécies, está depositada na Coleção Entomológica do Centro de Coleções Taxonômicas da UFMG.


Grotea claudiae. Nova espécie de vespa descrita para Parauapebas, PA.



Grotea fernandoi. Nova espécie de vespa descrita para Mariana, MG. Todas as imagens foram retiradas do artigo: LIMA, Alessandro Rodrigues; KUMAGAI, Alice Fumi. Two new species of Grotea Cresson (Hymenoptera, Ichneumonidae, Labeninae) from Brazil. Zootaxa, Vol. 5403 No. 1: 18 Jan. 2024, p. 104-114.

As novas descobertas representam o primeiro registro de ocorrência do gênero nos estados brasileiros do Pará e Minas Gerais, situados nos biomas de Amazônia e Mata Atlântica, respectivamente. Além de contribuir para o conhecimento da diversidade taxonômica do gênero Grotea, a publicação evidencia também as lacunas de conhecimento entomológico existentes na região Neotropical.

Autora: Thamires Nunes Guimarães (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).

Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 32, originalmente publicado em 2024 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-32.pdf.

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