O Reino Fungi é composto por organismos diversos, que variam desde formas unicelulares, como as leveduras, até formas pluricelulares, como os cogumelos. Todos os fungos são eucariontes, o que significa que possuem células com um núcleo bem definido, envolvido pela carioteca, e organelas membranosas. São heterótrofos, ou seja, obtêm nutrientes através da ingestão de matéria orgânica de outros seres vivos. Os fungos podem desempenhar diferentes papeis ecológicos na natureza, incluindo parasitas, saprófagos (decompositores de matéria orgânica de organismos mortos) ou predadores. Além disso, formam associações mutualísticas, como os líquens e as micorrizas, e têm grande importância na indústria alimentícia e farmacêutica.
Os fungos possuem uma riqueza estimada de mais de três milhões de espécies, porém, ainda há enormes lacunas de conhecimento, especialmente no que diz respeito a sua distribuição geográfica, hospedeiros, ecologia e potencial biotecnológico. O grupo desempenha papeis ecológicos essenciais e um conhecimento mais profundo sobre suas variações regionais, interações ambientais e aplicações práticas é fundamental para explorar plenamente seu potencial e impacto.
A partir disso, o projeto “Diversidade de macrofungos da Estação Ecológica da UFMG: Produção de um guia ilustrado bilíngue no formato digital e impresso”, coordenado pelo Prof. Aristóteles Goes Neto do Departamento de Microbiologia/ICB/UFMG, objetiva investigar a diversidade de macrofungos na Estação Ecológica da UFMG, um remanescente de Mata Atlântica e Cerrado em área urbana, e elaborar um inventário abrangente do local. Para isso, o projeto irá coletar amostras de macrofungos e tombá-las no fungário, que é a coleção de amostras de fungos vinculada ao herbário BHCB do Centro de Coleções Taxonômicas/ICB/UFMG, documentando a ocorrência desses organismos na área de estudo. Macrofungos são os organismos do Reino Fungi que podem ser observados a olho nu e incluem cogumelos, trufas e bolores. Tais fungos desempenham papeis ecológicos fundamentais, como decompositores, ajudando na reciclagem de nutrientes, e formando relações simbióticas com plantas.
Os macrofungos coletados na Estação Ecológica serão fotografados e descritos, tanto macro quanto microscopicamente, e identificados até o nível específico. O catálogo das espécies registradas será publicado na forma de um guia de campo bilíngue (inglês-português), disponível em formato digital (e-book) e impresso (livro tradicional), para promover uma ampla divulgação desse grupo de organismos aos públicos leigo e especializado. Ao enriquecer a compreensão da diversidade dos fungos e suas interações ecológicas, a iniciativa contribuirá para a valorização desse reino negligenciado, bem como as áreas verdes da UFMG, ilhas que conservam uma rica biodiversidade ainda não inventariada.
Autora: Ana Clara Dumbá Silva (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).
Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 34, originalmente publicado em 2024 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-34.pdf
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