Mecistogaster amalia: a libélula mais longa do mundo é encontrada no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG

As libélulas são insetos da ordem Odonata, caracterizados pelos olhos grandes em proporção à cabeça, abdômen longo e fino, e dois pares de asas membranosas transparentes. Esses insetos possuem metamorfose incompleta, passando pelos estágios de ovo, larva e adulto. As larvas aquáticas, conhecidas como náiades, remetem às ninfas de água doce da mitologia grega, associadas a rios, lagos, fontes e riachos. Predadoras, alimentam-se de outros artrópodes e pequenos vertebrados, enquanto os adultos caçam e capturam presas em pleno voo.

As libélulas mais antigas datam do Carbonífero Médio, cerca de 325 milhões de anos atrás. Registros fósseis mostram exemplares gigantes, com envergadura superior a 70 cm (distância entre as pontas das asas).

Atualmente, as espécies viventes são consideravelmente menores, mas algumas ainda impressionam pelo tamanho. É o caso da Mecistogaster amalia, considerada a libélula mais longa do mundo, podendo atingir até 13 cm de comprimento corporal. Recentemente, exemplares dessa espécie foram encontrados no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG pelo pesquisador Alessandro Rodrigues Lima, durante estudos sobre a entomofauna do Museu. As amostras estão depositadas na coleção entomológica do Centro de Coleções Taxonômicas (CCT) do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e servirão como base para futuros estudos ecológicos e taxonômicos.


Mecistogaster amaliaCréditos: Phil Benstead. Fonte: iNaturalist. Avistada em: Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, em 10/02/2019.

Os adultos de M. amalia voam no sub-bosque da floresta e apresentam um comportamento alimentar peculiar: capturam aranhas diretamente nas teias. Essa habilidade é possível graças à capacidade de mover as asas anteriores e posteriores em direções opostas, permitindo manobras complexas. As fêmeas depositam os ovos em fitotelmos (acúmulos de água em cavidades de plantas, como bromélias). As náiades se desenvolvem nesses reservatórios, alimentando-se de invertebrados e até de pequenos vertebrados, como anfíbios. A interação das espécies do gênero Mecistogaster com ambientes fitotelmáticos as torna especialmente vulneráveis à fragmentação e às mudanças no habitat. Assim, a preservação desses ambientes é crucial para garantir o ciclo de vida da espécie e evitar seu risco de extinção.

Autora: Thamires Nunes Guimarães (bolsista de Extensão PBEXT, orientada pelo prof. João Renato Stehmann).

Este texto corresponde ao Boletim CCT Ciência nº 35, originalmente publicado em 2025 no site oficial do CCT Ciência: https://www2.icb.ufmg.br/cct/cctciencia/CCTCiencia-35.pdf




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